terça-feira, 16 de setembro de 2014

40º CONARH ou: já vi esse filme antes e não gostei


Em agosto passado ocorreu o 40º Congresso Nacional sobre Gestão de Pessoas-CONARH, no Expo Center, na capital paulista. Eu poderia repetir aqui a postagem que fiz sobre o 39º Congresso que ocorreu no ano passado, porque o que vimos este ano foi um replay modorrento da edição passada de causar engulhos e enxaqueca. Foi o mesmo que assistir à força um filme nacional pegajoso da fase do Cinema Novo. É tortura chinesa, ninguém merece.

As mesmas pautas, o mesmo nhén-nhén-nhén, as mesmas palavras chaves, os mesmos mantras: Mudança, renovação, inovação, engajamento. Os palestrantes pareciam mais esses políticos bizarros que se repetem e que invadem nossas telas de TV no horário político. Um verdadeiro circo de horrores.

Acabo de me flagrar mentindo. Teve novidade sim, como não? Um novo tema surgiu das cabeças (de miolos moles) dos gurus iluminados de RH. Atende pelo nome de “Capitalismo Consciente”, seja lá o que isso queira dizer! O próprio escroque, dublê de filósofo, flâneur e trapaceiro intelectual Karl Marx que inventou o termo “capitalismo” para definir a economia de livre mercado, deve ter se revirado no túmulo.

A idéia é mais ou menos a seguinte: “Empresas conscientes (???) transcendem a maximização do lucro ao adotarem uma visão de mundo holística (hein??) e de negócio ampliada”. Entenderam? Então, tá. Pelo menos foi o ponto alto do lado cômico desse congresso.

Ora, levando essa premissa às últimas conseqüências, mesmo que uma empresa adote uma visão de mundo holística (sic), isso não implica necessariamente em ter que abrir mão da maximização do lucro, sob pena de não ter sentido a empresa existir. Então, matamos a charada: Capitalismo Consciente é igual a empresa que não quer saber de lucro ou na pior das hipóteses ter o mínimo de lucro possível! Para que lucro, se se pode produzir gratuitamente? Folha de pagamento não custa nada, não é mesmo?

Fora isso, o encontro contou com alguns empresários peso-pesados, sendo que, pelo menos, um deles abordou o tema da flexibilização das leis trabalhistas e a necessidade de se focar na eficiência e na meritocracia do funcionário (meritocracia atualmente é palavrão e foi abolida praticamente do dicionário pelos governos esquerdistas que têm vertigem ao ouvi-la), no entanto, tocou no tema muito timidamente. Poderia ter ido mais longe se abordasse a extinção da CLT e uma reforma trabalhista mais adequada à realidade do mercado de trabalho no Brasil.

No saldo geral, a implantação da agenda globalista continua a todo vapor com suas pautas esquerdistas nos departamentos de RH. Quem sabe no próximo encontro alguém traga para a pauta algo como capitalismo zen-cabalístico, economia new age e outras bizarrices do gênero.

E não se esqueça, palestrante profissional de RH, no próximo encontro, basta decorar os mantras de sempre, bem fáceis de lembrar. Repita muitas vezes as palavras inovação, renovação, engajamento, mudança, multiculturalismo, cidadania, inclusão social, responsabilidade social, capitalismo consciente (o novo mantra do momento) e pronto! Seja considerado pela platéia ignara um guru iluminado do novo mundo do RH, quer seja, um RH sustentável na busca de um mundo melhor! Como se fosse possível o ser humano com todas as suas imperfeições, melhorar o mundo. Haja paciência!

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