segunda-feira, 27 de março de 2017

Resiliência: habilidade de suportar a dor e manter-se de pé

Vamos falar hoje sobre Resiliência. Mas o que isso significa exatamente? O termo teve origem na Física e descreve a capacidade e o tempo que um material leva para se recompor. Esse termo acabou sendo apropriado pela Psicologia para aplicar à habilidade das pessoas de se recuperar de perdas, traumas, adversidades, etc. A psicologia a define como “um conjunto de forças que provocam mudanças psicológicas protetoras dentro de nós quando sofremos algum tipo de ataque”. 

O tema vem sendo estudado a exaustão por psicólogos e psiquiatras para descobrir os motivos que algumas pessoas superam rapidamente adversidades pesadas enquanto outras jogam a toalha numa simples situação de perda, por exemplo, no enfrentamento de uma demissão repentina.

Os recrutadores de pessoal têm procurado entre os candidatos aqueles com potencial de resiliência, porém, pouquíssimos a possuem. Além disso, a resiliência não é um atributo fácil de se detectar num candidato num processo de seleção, nem mesmo uma dinâmica de grupo pode apontar aquele que a possui.

Entre tantos autores que se debruçaram sobre o tema Resiliência, podemos destacar os estudos do psiquiatra Frederic Flach, autor de um dos melhores livro sobre o tema, “Resiliência, a Arte de Ser Flexível”, editora Saraiva, e também do fantástico psiquiatra austríaco Viktor Frankl, fundador da escola de Logoterapia, também conhecida como “Terceira Escola Vienense de Psiquiatria”, que explora o sentido existencial do indivíduo e a dimensão espiritual de sua existência.

Frankl é autor de vasta bibliografia que aborda o tema, sendo o livro “Em Busca de Sentido", um dos mais importantes e recomendáveis para aqueles que desejam desenvolver ou aperfeiçoar o seu potencial de resiliência.

A resiliência está diretamente ligada à autoestima. Esta difere de pessoa a pessoa e normalmente está ligada diretamente ao sucesso profissional, situação financeira e aceitação no ambiente, ou seja, como a pessoa é vista pelos outros ou mesmo seus pares no ambiente em que vive.

A chave apontada pelos especialistas no tema para aumentar o potencial de resiliência se resume em: criatividade + equilíbrio. Comecemos pelos traços característicos nas pessoas resilientes. Esses traços estavam presentes nas pessoas estudadas pelos especialistas, pessoas com alto potencial de resiliência, ainda que elas não tivessem consciência disso e muitas delas em condições precárias de vida.

- Capacidade de suportar dor
- Alta percepção de si próprio
- Independência na medida certa
- Autonomia para enfrentar desafios
- Habilidade de fazer amizades
- Habilidade de recuperar a autoestima
- Habilidade criativa para viver em diferentes níveis
- Capacidade de sempre aprender
- Compartilhar experiências com outras pessoas
- Vontade de viver.

E como se consegue tudo isso? Não é fácil, a princípio pode até parecer simples, mas não é, pelo contrário, os autores recomendam algumas atividades em conjunto que nunca se estancam. Vamos a elas:

- Criatividade
- Ficar longe de influências negativas
- Saber rir de si próprio
- Ler, ir ao cinema, conversar, caminhar, escrever.
- Praticar uma ocupação manual 
- Praticar uma atividade artística (aumento da percepção dos sentidos)
- Dar atenção somente ao que se pode ter controle
- Autodisciplina, que só se obtém com muito treino.
- Solidariedade
- Seletividade nas escolhas das pessoas

Tudo isso deverá ser aplicado tendo como diretriz a chave criatividade- equilíbrio. Por exemplo: A criatividade não de dever ficar restrita à determinadas atividades, porém deve ser utilizada o tempo todo em nossas vidas; excesso de dependência ou independência constante pode acabar inibindo a própria criatividade e aqui entra a capacidade de ter equilíbrio.

 Vejamos três trechos significativos do livro do Dr.Frederic Flach:

“O ato criativo não cria alguma coisa do nada. Na verdade, organiza, relaciona e sintetiza fatos já existentes, ideias, pontos de referência.” 

“Alguns de nós somos atraídos em direção à fragilidade, uma excessiva necessidade de sermos dependentes dos outros boa parte do tempo, e, como resultado disso, o emprego efetivo de nossas energias criativas, em qualquer área, acaba sendo bloqueado”.

“Obviamente a maioria de nós não tem muito poder para influenciar diretamente o destino deste mundo maior. Devemos, porém, aprender a sobreviver dentro dele (grifo meu). Podemos, com certeza, desenvolver a habilidade e de criar estruturas resilientes dentro de nossas esferas mais modestas, e projetar um caminho seguro, livre das influências destrutivas, para nós e para nossas famílias”.

Para concluir, a imagem de uma cena do filme Rocky, Um Lutador, que ilustra esse texto, revela esplendidamente a resiliência do personagem cuja habilidade é suportar a dor por longo tempo, manter-se de pé, recuperar o sentido de sua vida e sair vitorioso.

Obs: Indico aqui uma pequena relação de filmes que abordam conceitos ligados à resiliência, tais como, autocontrole, superação, empatia, conquista de pessoas, etc.

- Rocky, Um Lutador
- O Escafandro e a Borboleta
- O Pianista
- À Procura da Felicidade
- A Tênue Linha da Morte
- A Felicidade não se Compra
- Ferrugem e Osso
- A Caça
- Um Sonho de Liberdade
- A Vida é Bela
- O Tempo do Lobo
- Dançando no Escuro
- A Liberdade é Azul
- Viver (1952) de Akira Kurosawa

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